Penhó Wines
Portugal
Vinho Verde
Infesta (Celorico de Basto)
Ricardo Moreira
Fator XPTO: Finesse sem perder a selvagem rusticidade.
No universo dos produtores de vinho não faltam exemplos de habitantes de grandes cidades, que, em determinados momentos das suas vidas, por uma ou outra razão, decidem abandonar a grande metrópole e exilarem-se no campo, dedicando-se à produção de vinho. O caso de Ricardo Moreira inclui-se exatamente nessa categoria, só que, em vez de se ter estabelecido numa qualquer região vinícola francesa, decidiu em 2017, depois de séria ponderação, mudar de país e regressar às suas origens, a Celorico de Basto, bem no interior da região portuguesa dos Vinhos Verdes, no Minho, com o claro propósito de recuperar umas terras que eram pertença da sua família, e nas quais não se produzia vinho havia já 16 anos.
A personalidade de Ricardo é baseada em ideias maturadas e fortes convicções, que na região de Basto são postas à prova por níveis de pluviosidade bastante elevados, desafiando a vontade de se ser o menos interventivo na vinha, ou seja, de nada retirar nem nada acrescentar ao que a natureza oferece todos os anos. Um outro desafio significativo tem sido o aumento da área de cultivo das vinhas, que tem de estar sempre em consonância com a sustentabilidade dos ecossistemas e a biodiversidade, porque na Quinta do Penhó coabitam com as vinhas mais de 10 mil árvores, desde carvalhos, sobreiros, pinheiros, plátanos, oliveiras e árvores de fruto, por onde deambula uma fauna selvagem diversa, composta de veados, javalis, milhafres, corvos, melros, perdizes, raposas, coelhos, cobras e todo o tipo de insetos.
No que ao trabalho na adega diz respeito, todas as uvas são pisadas a pé num lagar de granito com 300 anos. As fermentações ocorrem espontaneamente por ação das leveduras autóctones, os vinhos estagiam em barricas usadas de carvalho francês e, por vezes, em inox. Ricardo não é um adepto da bâtonnage e, com a exceção de pequenas quantidades de sulfuroso no momento do engarrafamento, nenhum produto químico é adicionado ao vinho e nenhum procedimento destinado a falsear o ano é empreendido.