Diogo Muñoz

Portugal

“Di fronte all’immagine dobbiammo riconoscere che essa ci sopravvivrà, che siamo noi l’elemento passegero, que é l’immagine l’elemento futuro.” – Georges Didi-Huberman.

Já afirmado a nível internacional, Diogo Muñoz pode ser definido como um artista completo.
(…)Falar da sua obra é falar de um mundo à parte, de um universo quase literário, feito de protagonistas e figurantes, de côr, imagens e símbolos, que remetem tanto à realidade histórica como ao imaginário colectivo, tanto à memória como à criatividade pura do artista. (…)Aquela de Diogo Muñoz é uma pintura culta, refinada e extremamente atenta a todos os detalhes. (…)
Na sua produção mais recente Diogo desenvolveu um percurso de procura, que o levou a atingir um repertório de temáticas e imagens que remetem à cultura Pop assim como a ícones da história da arte. É aqui que, no espaço da tela, se sucedem cenários e personagens que trasladados da realidade histórica entram no presente da tela, no presente do pintor. (…)Mestres do passado como Velasquez e Picasso dialogam com os ícones pop do nosso tempo, aqueles da BD e das revistas ilustradas, criando um vórtice temporal no qual a cultura alta se mescla com aquela das massas, da televisão, do espectáculo, gerando um “pastiche” de anacronismos imagéticos.(…) O seu olhar frequentemente irónico, por vezes sarcástico, reflete uma sociedade, a ocidental, saturada de estímulos, que reduz a cultura a produto cultural e, ao mesmo tempo, a priva de verdadeiros pontos de referência. Os protagonistas dos seus quadros, reduzidos a ícones e a ídolos, falam desta “essência”. Todavia, no momento em que tais personagens são esvaziados do seu significado comum, são libertados do seu rígido simbolismo para adquirir nova vida através da recontextualização espacio-temporal que lhes imprime o quadro. (…)
Tal experiência leva o espectador a considerar que a imagem que se lhe depara, por quanto antiga que possa ser, não se esgota num tempo circunscrito, mas continua a reconfigurar-se num tempo mais amplo que apenas é imaginável numa construção da memória.
(…)Diogo Muñoz apresenta uma imagem que atravessa e cruza os estratos da história até assumir a aparência do nosso presente. Ainda que nos seus quadros faça frequentemente a evocação às grandes obras do passado, tanto artísticas como literárias, Diogo Muñoz é um dos artistas mais contemporâneos do seu tempo e insere- se, a título pleno, no desenvolvimento da tendência pós-modernista.

Florença, Setembro de 2013

Giada Rodani, curadora e crítica de arte.

Contactos