Tim Madeira

Portugal

Perante a obra de Tim Madeira, observamos que não existe uma diferença real entre o que tradicionalmente denominamos material, e o que conhecemos como espiritual. Todo o seu trabalho é como uma caligrafia do espírito, a transmissão direta de impulsos, de reflexões, de sentimentos que pouco a pouco se transformam em forma, em pensamento plástico.
É uma proposta transcendente que transmite espírito à matéria, recorrendo a um rico repertório substancialmente simbólico e profundamente codificado, que encontra no espaço, nos sinais e na cor, um domínio de uma linguagem unificadora conceptual.
As obras de Tim Madeira, concretizam, múltiplas interpretações, por serem intrinsecamente livres. Promovem a liberdade imaginativa do espectador, ao possibilitarem diferentes sensações através do ato de fruição da obra. Uma fruição que, transporta movimento, energia, e vida, numa clara alusão ao que é a contemporaneidade.
As suas telas carregadas de matéria convidam-nos a apreciar a diferença. Fazem nascer no espírito a comunicação através de gestos de cor que ecoam no espaço em misteriosas manchas, e em superfícies rasgadas por um profundo cromatismo, ora de forma ardente e comprometedora, ora criando desencontros de sensibilidade, em pinceladas fluídas e arquitetonicamente concedidas, num claro epítome de um perfeito equilíbrio.
Tim Madeira é um artista que pinta a sensação. O seu trabalho exprime-se para além da tinta, servindo-se do ato de pintar para justificar, o que de transcendente as suas obras exprimem. Independente do material, ressalta na sua obra, o múltiplo, e os cenários idílicos, que conduzem o observador, para o que de mais íntimo tem dentro de si. É uma obra aberta que não encerra um conceito, mas sim, que se abre a infinitas interpretações.

Álvaro Lobato de Faria, Diretor Coordenador do MAC (Movimento Arte Contemporânea)

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